Há dias dei por mim a escrever no facebook: "É que o silêncio, nas nossas terras, ainda se ouve e o céu ainda tem estrelas de noite.... e é liiiiiiiiiiindo!!!". E é mesmo verdade!!!
Todos gostamos de olhar para o céu, de vez em quando. Ver as nuvens que passam, ou as estrelas que o enfeitam, o pôr ou o nascer do sol... nem que seja apenas nas alturas em que estamos mais românticos, mas todos parámos a olhar para esta redoma imensa que nos protege e que tem o seu lado místico que atrai.
Lembro-me que há uns (bons) anos atrás não era tão comum ouvir-se falar de "chuva de estrelas" como um acontecimento noticiável no jornal da noite. Lembro-me também do entusiasmo que sentimos ao planear ir ver a chuva de estrelas, o que era um motivo perfeitamente válido para fazer uma excursão nocturna até à Portela do Casal Novo e "abancar" lá em cima, com um frio dos diabos, e os pinheiros aos nossos pés - ainda não havia assim tantos eucaliptos...
Lembro-me de ter sido um frenesim, de abalarmos da aldeia em fila, contentes porque alguns já tinham carro e assim podíamos saborear a ocasião ao som da nossa música e das nossas parvoíces, juntos como é bom quando se tem vinte anos (ou menos...). E lá ficámos a olhar o céu, a gritar "já vi uma" quando uma estrela cadente solitária atravessava o céu para nos enganar.
A meio da madrugada resolvemos voltar, defraudados com a chuva de estrelas que afinal não veio, intrigados com o relevo dado pela comunicação social a meia dúzia de estrelas cadentes que estamos habituados a ver no "nosso" céu em Agosto, contentes com o pretexto para a saída e o tema para a conversa de café e banho do dia seguinte... e com a partilha de mais uns bons momentos em saímos todos juntos com um qualquer objectivo de peso.
Quando somos adolescentes, vivemos num minuto o que se vive em horas quando se é adulto. Aquela noite durou semanas (tal como tantas outras noites de Agosto) e lembro-me de chegar a casa e me sentar no parapeito da minha janela a olhar para o céu mais uma vez e a pensar em tudo o tínhamos rido e dançado, dito e sentido naquela noite. Muitas vezes, antes e depois, pensei com o silêncio do céu negro, que é mesmo negro na minha terra, que envolve e aconchega ou assusta consoante o que trazemos por dentro...
Pouco passava das 04h00 quando me preparava para dormir, quando, uma após outra, as estrelas choveram do céu. E no silêncio da noite, que na minha terra às vezes tem grilos, eu consegui ouvir aquela chuva no mato seco, enchi a alma com a beleza do céu iluminado e deitei-me mais feliz, guardando o trunfo para jogar no dia seguinte na conversa da ribeira...
Gosto disto. Gosto que, na minha terra, o silêncio ainda se oiça e o céu tenha estrelas de noite.
Um abraço!
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