domingo, 22 de novembro de 2015

O Carvão e os Fogareiros - lançamento do livro em Lisboa

Quem nunca ouviu um “Deves ser fogareiro!!” gritado indignadamente na estrada? Pois é, todos nós. E quem sabe de onde vem essa expressão? Agora já somos menos a ter explicações, certo? Descobri ontem que poderá vir da altura em que escasseou o combustível e os carros de praça funcionavam a gasogénio com grande fumarada negra e faúlhas quando aceleravam. Nunca tal tinha ouvido, apesar de me poder gabar da minha conta de histórias ouvidas à lareira, noite dentro.

Adriano Pacheco é um contador de histórias nascido em Alvares. Em prosa ou em verso, dedica-se a gravar as tradições e viveres serranos no tempo e na memória. O seu 16º livro divide-se em sete contos correspondentes a momentos de uma vida igual a tantas outras. Essas vidas que conhecemos e que talvez não nos tenham merecido mais que um par de tardes debaixo da latada, por vezes até à noite dum velório, em conversas sopradas de mulheres à beira do caixão, ou afirmações absolutas de homens fora de portas sagradas. Às vezes já sem tempo de serem comentadas com quem as partilhou, tardias, mas ainda tão a tempo de não se perderem.

O Presidente do Concelho Regional, Dr. Luís Martins referiu o seu orgulho pela preferência do autor pela Casa do Concelho de Góis para o lançamento do seu livro em Lisboa, pelo valor da sua obra e pelo significado que tem para a região. A CCG, ao fim de 61 anos de funcionamento, congratula-se de apoiar as iniciativas dos seus associados e dos descendentes da zona, mantendo-se activa enquanto algumas desaparecem, como referido mais tarde e visível na satisfação do seu Presidente da Direcção, Sr. José Dias Santos.

O livro foi apresentado pelo Eng.º João Coelho, autor do prefácio e fiel seguidor do trabalho do escritor. Dedicado há 40 anos ao movimento regionalista, conhecedor da região e das suas vivências, o Eng.º João Coelho salientou na sua intervenção o valor desta recuperação dos pormenores, das expressões e das visões do mundo e da vida que Adriano Pacheco consegue na construção das suas personagens. Este registo, conseguido pelo autor (em conjunto com outros da região) deixará no futuro um legado que de outro modo corre o risco de desaparecer, tendo por isso um valor incalculável. Tal como o tempo que todos os presentes deram a este acontecimento – um tempo partilhado, em jeito de oferta do bem mais precioso que temos.

Estiveram também presentes Cristina Coelho, da Comissão de Melhoramentos de Roda Fundeira e António Rui Dias, da Comissão de Melhoramentos de Alvares, que ajudaram a promover este evento junto dos seus associados e amigos e das restantes colectividades da região. António Dias salientou, entre outras coisas, o gosto que ambos colocaram nesta divulgação, fomentando a união dos serranos, à semelhança dos festejos históricos ocorridos durante o ano passado.

Adriano Pacheco falou pouco, mas emocionado. Humilde nos agradecimentos que fez, ciente da missão de salvar do esquecimento aquilo que nos caracteriza e que nos constrói enquanto pessoas, focou a identidade com uma região, um modo de viver. Somos quem somos pelas raízes que temos.

Poderia ter acrescentado na altura que sou uma neta e filha que cresceu a ouvir as histórias à lareira, às vezes apanhadas entre meias-palavras que só ganhavam significado anos mais tarde. Que tenho também noção que são poucos os da minha geração que ainda conhecem as expressões da aldeia e da sua vida, tal como eu própria só recordo um punhado. Que o trabalho voluntário que fazemos para os conservar é estranho a alguns e incompreensível a outros, mas precioso para nós, para mim. Que me orgulhava de estar naquela mesa, de representar a Comissão, de divulgar uma obra que falava dos meus avós, tios, pais, primos. Que poderia fazê-los chegar aos meus filhos, com pormenores que o meu crivo já tolheria. E que agora ficam.

Foi no sábado, dia 21 de Novembro, na Casa do Concelho de Góis às 15h00.

Um abraço.




sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O Carvão e os Fogareiros

Adriano Pacheco é de Alvares. E escreve.

No próximo dia 21 de Novembro, pelas 15h00, está na Casa do Concelho de Góis a apresentar a sua mais recente obra, a 16ª noutros tantos anos. O apoio dos conterrâneos é essencial, o apoio dos amigos também. Daí que, respondendo ao seu pedido, a Comissão de Melhoramentos tenha muito gosto em divulgar este evento e o Blog dos Amigos da Roda Fundeira também.

Nesta obra são retratadas várias profissões mas dá-se um especial ênfase aos taxista que, vindos da nossa região, passaram a conhecer Lisboa e os seus caminhos como a palma das suas mãos.

São todos convidados a comparecer.

Até lá!



domingo, 8 de novembro de 2015

São Martinho 2015 - Éramos taaaaaantos!

120!!!

O dia nasceu indeciso mas resolveu-se a não chover. Juntámo-nos 120 na Eira Nova, com ideias de dar conta da feijoada e do que mais houvesse. Os salgados espreitaram a sala vazia durante a manhã, e começaram a desaparecer por volta das 13h30 juntamente com os enchidos, primeiras vítimas de um dia em pleno. Seguiu-se a ansiada feijoada, rica em carnes e hortaliças, com um picante suave mas persistente a pedir o vinho que correu de feição e bom gosto. Salada de fruta ou tigelada para fechar e estava concluída a primeira etapa destes encontros que se querem bem saboreados.








A paparoca foi feita na aldeia, mas por uma equipa "estrangeira", sempre bem-disposta, que resistiu estoicamente às sucessivas investidas do departamento de controlo de qualidade da casa. Partilharam este espírito de, mais do que servir um almoço (e caldo verde), querer servir uma lembrança de um belo dia. Estiveram bem d"A Sabrosa", obrigada!





Contámos com a presença do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Góis, Mário Garcia e com o Nuno Lopes, Encarreguado da obra de substituição da rede de abastecomento público da água na nossa aldeia. Os discursos incidiram sobre a satisfação de ver a casa cheia, de constatar a ligação viva entre os convivas e de se salientarem caras que entretanto vamos adoptando como nossas...porque amigo do nosso amigo, nosso amigo é! Do município, recebemos o reconhecimento pelo trabalho que sustenta esta relação com a aldeia, a promoção destes encontros ou o acompanhamento das intervenções estruturais necessárias. As relações à distância têm os seus momentos difíceis e esta não é excepção, mas compensa no gosto que já cresce nos mais novos em estarem uns com os outros ou em se reencontrarem. Nem que seja pelas redes sociais, nos períodos mais citadinos. Os copos ergueram-se às nossas aldeias, Roda Fundeira e Relva da Mó, aos descendentes e amigos, aos que se unem nos momentos em que as aldeias precisam do nosso esforço para crescer em estruturas e qualidade, aos que estão lá para viverem a nossa terra. A nós!!!! Também aos que ficaram roidinhos por não poderem ir desta vez...









A tarde de conversa matou saudades e actualizou histórias ao sabor do Beirão e, mais tarde, da jeropiga e do vinho branco Amaral, reconhecido produtor já da aldeia. Os brindes sucederam-se e as fotos também, apanhando momentos inesperados como o brinde com o Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Alvares, Victor Duarte, que fez questão de nos visitar pela tarde. As castanhas assadas, a bifana, o belo caldo verde com chouriço (tinham de ir com a concha ao fundo, senhores, o que não era fácil naquele panelão!!) e os bolos que as senhoras sempre trazem para partilhar animaram a noite escura que nos acompanhou desde as 17h30. Já é tempo de Inverno, confirma-se. Só o frio em demasia nos poupou. E a chuva!, obrigada chuva que não nos visitaste! 









  



Os grupos dispersaram-se já era amanhã. As noites são muito compridas nesta metade do ano e as férias curtas demais para nos esticarmos. Mas o gosto bom de nos revermos, de nos rirmos juntos, de comermos e bebermos juntos (porque será tão bom partilharmos uma mesa?!?!?), de recordarmos juntos... esse gosto bom que nos fica na alma veio connosco. Porque éramos 120, com muito gosto em estar lá!

Um abraço!

PS - Apetecia mesmo um agora, não era?