segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Ti Prazeres da Eira

Faleceu a Ti Prazeres da Eira. No dia 22 de Outubro de 2013, fechou, pela última vez, os seus olhos pequeninos. Dois dias antes, o meu filho apresentava na escola um trabalho sobre a sua longa vida de 7 anos em que fez questão de incluir a bisavó, o orgulho de ainda ter uma, apesar dos seus 94 anos não lhe permitirem já grande convívio.  

Conheço a Ti Prazeres da Eira desde sempre. Ela também a mim. Um dia disse-me: "Será que tu ainda vais ser minha neta?". E eu sorri. Entendíamo-nos. Discordávamos num mundo de diferenças de vida e de tempos, mas sabíamos onde parar. Ela, geralmente depois de eu lhe dizer, pois não se inibia nas suas opiniões aguçadas, de quem tem o direito ganho pela vida. Construiu-a a pulso. 

Vestiu o luto quando a filha mais nova tinha 14 anos e o mais velho estava na guerra. Acabou a casa e fez a sua vida refugiada nas austeras proibições de uma rigidez auto-imposta, que aparentemente lhe garantia a segurança de um destino que não a garantiu. Aos meus olhos, viveu mais triste do que podia, com uma amargura presente, mesmo nos momentos felizes. O lenço em rosas cinzentas que se permitia nos últimos anos falava mais do amor dos filhos e dos netos, que do peso que nunca deixou de por nos gestos diários. Mesmo quando se ria de nós e das nossas ideias descabidas. A seu ver, claro. 

Ganhei dela uma visão do mundo e da vida que não tenho. Recordo momentos de uma época mais fácil, em que os netos teimavam em lhe encher a casa de gente para comer as filhoses com mel que, sem facilmente admitir, gostava de fazer. Tento passar as duas aos meus filhos, porque somos feitos do que os nossos já aprenderam e do que conseguimos daí construir. É a minha opinião. Do alto dos valores que acalento, no direito que já conquistei neste curto espaço de vida, que nas despedidas me parece mais longo. Espero nunca me tornar tão rígida. O tempo o dirá. Ou mesmo ela, se um dia nos voltarmos a encontrar.

Será rezada a missa de 7º dia, na Igreja da Ameixoeira, dia 28/10, pelas 19h00.

Um abraço.

domingo, 20 de outubro de 2013

Magusto em Roda Fundeira

Estamos a duas semanas de mais um convívio em Roda Fundeira.

Já reservou o seu lugar? Não?!?!?!? E vai deixar para a última hora??? Ou para depois do prazo????

As inscrições terminam a 27 de Outubro. Assim teremos tempo de comprar castanhas suficientes para todos. E jeropiga! Vai mesmo correr o risco de não haver um copo com o seu nome???? Se não se inscrever... como vamos saber que podemos contar consigo?

E só para abrir o apetite, deixo novamente o cartaz... Olhe bem para a feijoada, é a de 2012! A travessa está na mão do Antero Fonseca, prontinha para ir para a mesa, ainda a fumegar... E as castanhas??? São as que servimos em 2011... Estavam uma delícia! Já não fui a tempo foi de fotografar a jeropiga, não sei porquê...


Vá, ande lá daí. Inscreva-se já!

Vai ser tão bom...
Um abraço.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

E o futuro?

Apesar do tempo e da distância, por momentos nos fazer esquecer do inferno que vivemos no dia 20 de Agosto, infelizmente as fotos e vídeos que ainda nos vão chegando não deixam apagar da memória aquele que foi um dos momentos mais amargos que vivi na Roda Fundeira. Mas o que lá vai, lá vai, e o tempo não volta atrás... para voltar ao verde do passado vamos ter que esperar pelo futuro, o futuro que já desponta, não se resignando à amargura do negro que cobriu a aldeia.
 
Quanto ao futuro, o que esperamos dele? Vamos esperar mais uns quantos anos, continuar a lembrar o verão negro de 2013, compará-lo com os outros e esperar pelo inevitável que se repete de x em x anos? As responsabilidades destas desgraças discutem-se, discutem-se muito, ou são os bombeiros ou é o comando ou a proteção civil ou de quem manda ou de quem devia mandar ou como é que devia mandar, etc, etc, etc...todos gostávamos de ter um carro de bombeiros à nossa porta...
 
 
Poucos dias depois do incêndio, foi postado no facebook da Comissão de Melhoramentos uma foto com o título "Como se protegem habitações em zonas florestais" foto essa onde constam indicações bem claras do que a lei determina no que toca à limpeza dos terrenos à volta das habitações, bem como as multas previstas por incumprimento, se bem li de 140€ a 5000€. Caso esta foto fosse deixada na caixa do correio de cada um, talvez servisse para despertar consciências, e provavelmente na lista de distribuição de culpas de tamanha desgraça, devíamos acrescentar aqueles que ignoram as suas responsabilidades e pura e simplesmente deixam a limpeza dos terrenos no perímetro das habitações, à mercê dum senhor chamado fogo!
 
Bem sei que será uma utopia, num curto espaço de tempo, ver todos os pinhais e eucaliptais limpos e com aceiros, mas no perímetro das habitações e da aldeia será uma obrigação, e quem deve obrigar? Antes de mais cada um de nós, obrigando-nos a assumir a responsabilidade da prevenção, e em sintonia a autarquia deverá assumir a responsabilidade da fiscalização, as trancas à porta (promessas) por parte do governo vieram logo a seguir à casa roubada, espero sinceramente que a autarquia que também na pessoa da atual Presidente da Câmara Maria de Lurdes Castanheira, presenciou no terreno as aflições vividas à volta das pessoas, não se escuse da responsabilidade da fiscalização efetiva. Desta forma as garantias de vermos a aldeia e as nossas casas a salvo destas calamidades, aumentam. Para além de nós e da autarquia, a Comissão de melhoramentos, poderá também ter um papel importante no relembrar aos associados desta necessidade premente.
 
Gostaria muito que daqui a uns anos pudéssemos perceber que aprendemos com os erros repetidos...ou será que ainda estamos demasiado longe dessa miragem?
 
A Ver vamos.
 
Até breve.

sábado, 12 de outubro de 2013

Imagens do fogo 2013

Preparava-me eu para entrar noutros temas, quando tive hoje uma visita inesperada... Boa surpresa: chegou-me a casa um resumo de imagens do incêndio que passou pela Roda Fundeira em Agosto deste ano!

O autor do filme que aqui fica é o Renato Pedro, que já nos habituámos a encontrar de câmara a postos, nas mais diversas ocasiões, a registar os momentos da Roda Fundeira. No dia 20 de Agosto, ele também conseguiu. E dos 50 min. de filme que captou, conseguiu fazer este micro resumo, leve o suficiente para colocarmos no blog. 

Quando cheguei ao fim, pareceu-me pouco tempo de filme. Mas o que é verdade é que chega para perceber onde começou o fogo, a forma como se espalhou, a intensidade com que queimou e a aflição que terá sido estar lá. Vemos também os bombeiros empenhados na luta contra o fogo. 

As imagens concentram-se mais num ponto da aldeia - o nosso repórter esteve com a sua família - mas, a dado momento, vê-se que a aldeia está cercada de fogo e também que ele lavra entre as suas casas, onde nunca antes tinha andado... Tudo no link abaixo.

http://youtu.be/OaZgLXI1BTI

Ou então aqui!

Obrigada, Renato!

Um abraço.

Renascer...

Passou um mês e meio desde o incêndio. Voltei à Roda Fundeira aproveitando o feriado do 5 de Outubro (!!!!!) e confesso que estávamos todos meio apreensivos.

Na curva para a estrada do Seixo, alguém disse "mãe... agora começa aquela paisagem horrível" e pairou um silêncio expectante dentro do carro. Já choveu. Uma chuva bem chovidinha, como se diz por lá, e uma borrasca, que fez cair muitos portais. A natureza segue o seu curso e renova-se. Temos verde no meio do negro. E tivemos alegria à nossa chegada...




Um abraço!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

20 de Agosto de 2013 - Incêndio

O incêndio começou na Roda Fundeira, por volta da hora do almoço, ao princípio da tarde. Todos são unânimes ao afirmar que a intensidade e a velocidade com que se propagou foi maior do que outro alguma vez visto. Como dizia o David, "Foi um fogo mais despachado: começou às 2h, fechou às 8h e estava o trabalho feito, podem continuar as férias"... foi mais ou menos isto, não foi David?

O(s) tempo(s) do(s) rescaldo(s) deu (eram) para trocar graças, recuperar o bom humor, procurar não desanimar e estar atento para que o fogo não reacendesse na aldeia. O mato, terras, quintas... já há muito que deixaram de ser para apagar, que a população se confirmou com o facto de arder de tempos a tempos. Só a aldeia interessa.

Resolvi reunir neste post fotos de muitos fotógrafos que fui retirando do facebook. O Fogo de 2013 é mais uma página da história da Roda Fundeira, Relva da Mó, Roda Cimeira e Casal Novo, quatro aldeias tão próximas e de quem as famílias facilmente se cruzam. Espero ter identificado correctamente os fotógrafos e agradeço desde já qualquer contributo que nos queiram enviar.

Aurília José



Patrícia  José


Renato Pedro

Sheila Sim





Rui Lopes














David Amaral









 Cristina Coelho




Um abraço.

Nota - Se desejarem que retirem as vossas fotos deste post, basta avisarem. Mas achei que mereciam ficar no nosso arquivo. Obrigada a todos!