domingo, 29 de julho de 2012

Foz Palheiros, anos 80/90

Estamos a construir o Complexo de Lazer da Foz Palheiros. É um sonho antigo, parece que é desta que vai. 

A Foz Palheiros merece-nos um carinho especial. Lembro-me de lá passar tardes inteiras com a minha tia Prazeres que lavava a roupa enquanto eu aproveitava para apanhar peixes e fingir que nadava. Os peixes invariavelmente acabavam mortos numa bacia verde no terraço da casa do meu avô - só anos mais tarde percebi a necessidade das algas para a produção de oxigénio dentro de água e sempre achei que o que eles tinham era fome.Assim como assim, ia-lhes deitando pão (miolo que a côdea era muito dura para eles, coitadinhos!) e ficava contente ao vê-los comer. Sim, também demorei uns anos a descobrir que os peixes em ambiente artificial (não posso propriamente chamar aquário ao alguidar dos meus avós) estão sempre a comer, se preciso for, até rebentar.

Fui, portanto, uma serial killer de peixinhos durante a minha infância. Já com as eirós (ou calhandras, nunca percebi muito bem) não me metia, e valeram-se uns valentes sustos de cada vez que nos cruzávamos. Com os respectivos gritos, saltos e fugas apressadas. Mais tarde aprendi que elas têm mais medo de mim que eu delas (vantagens da selecção natural) e que desde que não se levantem pedras (das grandes, já a dar para o "rocha") ou se evite meter as mãos dentro dos buracos, estamos mais ou menos a salvo destes encontros imediatos. Passo o ensinamento aos mais incrédulos desde então e ostento orgulhosamente aquele sorriso de "eu também já fui assim" de cada vez que vejo uma cena dessas...

Foi na Foz Palheiros que aperfeiçoei o meu estilo preferido de miúda: o "à sapo". Bruços só anos mais tarde, depois de andar na natação. Ainda me rio quando penso nas figuras... mas muitos mergulhos dei debaixo da ponte pequena, sítio fundo o suficiente para ensaiar umas braçadas, rampa de lançamento para voos mais altos no Poço Lavadouro. Mas isso fica para outro post...aqui, fica a última foto que tirei à Foz Palheiros antes de ser construída a primeira represa, em 1990. Era assim, já custa lembrar.

Anos mais tarde, conheci a Foz Palheiros à noite. Dito assim, soa com estilo. Mas era verdade que tinha outro encanto, até porque era o sítio onde se conseguia estar mais perto da água e onde a lua iluminava mais. No início de Agosto, claro. E onde algumas vezes parámos para ouvir música e deitar conversa fora sobre temas importantíssimos de que nunca mais nos lembrávamos. Estávamos juntos e isso era a verdade.

Agora vou levar os meus filhos ao banho à Foz Palheiros. Só há dias percebi como soa estranho "levar ao banho" para quem não seja das nossas aldeias, mas nem quero saber, faz parte da cultura rodafundeirense, relvadamodense e afins. Faz parte de nós irmos ao banho às quatro da tarde, ficarmos chateados se o tempo não está bom para o banho, interrompermos torneios por causa da hora do banho e até ir ao banho com a chuva de trovoada que nos visita sempre mais para o meio/fim de Agosto. E para quem não cresceu na minha terra, isto parece muito estranho. Para nós é apenas bom...

Ouvi dizer que havia quem fosse ao banho num estilo mais natural ou até mesmo de madrugada... mas parece que são só as más línguas a falar. Seria preciso gostar mesmo muito da nossa ribeira de água fresca para mergulhar de noite. Gostar mesmo muito de ir ao banho...

A nossa terra tem um bem espectacular - a ribeira que a acompanha e à nossa vida. Este ano vamos inaugurar o Complexo de Lazer da Foz Palheiros e esperamos poder partilhar este gosto pelo banho com os nossos amigos. Vozes disseram que íamos estragar a Ribeira, mas contamos que gostem tanto do nosso cantinho como nós e que o estimem de igual.

É já a 12 de Agosto. De 2012. É para dar sorte ao CLFP.

Venham tomar banho connosco!
Um abraço.

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