terça-feira, 29 de junho de 2010

E você, a que horas se levantou hoje?

Diziam os mais antigos, que hoje, dia de São Pedro, destinava-se o resto do ano. Assim, quem se distraísse e se levantasse depois do nascer do sol, passava o resto do ano a dormir. Calculo que não desse muito jeito….

Todos, então, teriam de madrugar mais ainda do que o costume. Até porque, para complicar, os ainda mais antigos contavam a segunda metade deste dito: que a água era benta o dia todo e que, antes do sol nascer, era bom beber-se água em sete nascentes. Na Roda Fundeira, terra rica em água, não seria difícil encontrá-las: no Valdamego, na Barroca das Sobreiras, na Várzea, na Quinta, na Feiteira, no Vale das Colmeias, no Vaz Coelhos (será assim?!?!?), no Vale da Abelheira, e em todas as outras muitas terras de cultivo com nomes engraçados que rodeiam a aldeia.

Ora, digo eu que só ouvi a história, que me parece que esta era uma boa desculpa para se prolongar o bailarico até horas normalmente menos aceitáveis e para restabelecer o equilíbrio de líquidos no corpo antes de pensar em voltar às árduas tarefas do campo…

Mas isto sou eu que digo no meio do meu sono, que não sei se ainda é o do ano passado, ou se é o que já entrou em vigor às 7 da manhã deste ano, hora a que me levantei… claro que depois do nascer do sol…

Um abraço.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O dia do banho anual!

Em tempos de festa, convém esmerar-se mais a apresentação. Assim, é de bom-tom dar um jeito ao cabelo, ir ao barbeiro, arranjar fatiota nova e mais fresca porque estamos no tempo quente. E claro, nada disto faria sentido, sem uma boa higiene pessoal…

Diz-me a minha mãe, que o dia de São Pedro era o dia do banho anual. Elas gostavam! Ficavam bem mais fresquinhas, limpinhas, cheirosas e arranjadas, prontas para desfilarem nos caminhos do costume, todas vaidosas de tão arranjadas. Parece que até luziam de tão brilhantes que ficavam.

Proponho-vos que imaginem agora a cena: elas ansiosas, à beira da ribeira, a olharem para a água fria, tão apetecível naqueles dias quentes, à espera da ordem para poderem mergulhar e saírem do outro lado, todas contentes e limpinhas. E o chapinhar e a algazarra que faziam!!! Depois, era só sacudir o resto da água e estavam prontas para seguir com a sua vidinha, durante mais um ano, até ao próximo dia de São Pedro… o dia em que a água é benta e se dá o banho anual… às ovelhas!!! (hehehe!)

Apressem-se que está a chegar o dia!

Um abraço!

terça-feira, 22 de junho de 2010

Vão-se a eles!

Ah! Já cheira a verão!!!........... Não?!?!?!

Bom... mas estão mesmo a chegar mais dois ou três dias daquele calor inexplicável que nos faz esquecer que acabámos de guardar a gabardine no roupeiro. E aposto que alguns de vós, tal como eu, já anseiam por regressar à nossa bela aldeia para rever as caras habituais e matar saudades...

É com gosto que vos deixo uma novidade: há um grupo de Rodafundeirenses que arregaçou as mangas e está a tratar de assegurar o necessário para o convívio habitual no mês de Agosto: os petiscos, as rifas, os animadores, as noitadas, as bebidas, os convidados... e por aí afora!

Então, rapazes - que é como quem diz Necas, Fernando Saul, José Carlos Coelho, José Pedro, José Carlos Mateus Coelho e Paulo Coelho - "vão-se a eles" que desde já agradecemos a vossa carolice.

Bom trabalho!
Até à próxima.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Faleceu o Sr. Armando Nunes

Foi no passado dia 20 de Junho que a Roda Fundeira viu partir mais um dos seus filhos: o "Ti" Armando deu os seus últimos passos pela aldeia antes de nos deixar para sempre. O funeral foi ontem, para o Cemitério da Roda Cimeira, onde ficará a descansar merecidamente após uma vida de árdua trabalho.


Do pouco que sei da história da Comissão de Melhoramentos, lembro-me que assumiu a Presidência da Delegação em Roda Fundeira durante muitos anos, coincidindo estes um período de grandes avanços nos beneficiamentos na aldeia.


Será sempre lembrado.

Um abraço (em especial para a família).

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O bailarico dos Santos

Ora e quem recorda fogueiras para saltar, também se deve lembrar do bailarico…

Parece que o costume era o São Pedro presentear os rodafundeirenses com noites de muito calor e (presumo eu) céu bem estrelado. O baile era ao ar livre e ia variando entre a Eira, o Oirado e a Eira Nova. Mas primeiro tinha de se arranjar o salão: delimitava-se o espaço com uma cercadura de verduras e rosmaninho, talvez acácias ou pinheiro, enfeitada com flores, que as havia em fartura. A esta distância, acredito que muitos dançarinos tenham ficado bem contentes por terem terreno tão acidentado para mostrar os seus dotes… ou a falta deles…

A grande diferença para as outras festas era no chapéu que as raparigas ostentavam: o chapéu de São João!!!.. Esta delicada peça, digna de qualquer grande criador da moda, era geralmente feita pelas avós ou mães para a criançada no geral e pelas moças que gostassem de mostrar as suas habilidades. A base era feita com umas hastes de nardo ou de aipo, enroladas e presas sem necessidade de cordel, formado uma espécie de coroa. Depois enfeitava-se com cravos (quem os tivesse) ou com outras flores, à vontade do designer. Lembro-me de a minha mãe ainda me fazer uns quantos e, no meu olhar de miúda, eram lindos!!!!

Depois de um dia de convívio e pic-nic no Santo António do Alto, chegava-se com vontade de continuar a festa e ficar acordado até de manhã. Diz quem por lá passou, que o pior era no dia seguinte, quando tinha de se ir “acartar mato”… aposto que quem vai hoje para os Santos até sabe o que isso é!

Um abraço e bons festejos!

terça-feira, 15 de junho de 2010

O mistério do ovo!

Contou-me a minha mãe que havia um ritual estranho com um ovo a cumprir na noite de Santo António. Parece que o Santo, que em Lisboa casava as jovens neste dia, na lonjura da Roda Fundeira só podia dar previsões. Afinal, temos de entender que a tecnologia era diferente na altura, não havia internet, o telefone pouco funcionava e a estrada só chegava à Barraca – também não se podia pedir mais ao Santo!

Bom, passo a explicar: para um copo cheio de água, partia-se um ovo. E, para o resultado ser credível, não bastava afogá-lo, era também preciso pô-lo fora de casa nessa noite. O coitado tinha de apanhar a orvalhada e nem podia ver o nascer do sol para ser lido e decifrado segundo a arte antiga. E o ovo revelava então se o futuro reservava riqueza, casamento, filhos ou outras previsões que tais, altamente fiáveis e completamente abençoadas pela orvalhada do Santo António.

Agora as minhas dúvidas: teria o ovo de ser sujeito ao sacrifício antes ou depois de se ir saltar a fogueira? Poderia ficar numa janela que apanhasse com o fumo perfumado do rosmaninho? Ou seria este o responsável pelos falsos vaticínios? E será que explodia se visse o sol nascer? Ou seria só o responsável pelo vermelho da vergonha nas faces coradas das raparigas? Será que deu coragem a alguém para aceitar uma carta nos dias seguintes? Ou será que, pelo contrário, fechou algumas portas ou gorou planos mais ousados?

Seria interessante fazer agora um estudo para perceber quantos ovos sofreram tal destino e, destes, quais falaram verdade. Se quiserem dizer-nos, publicaremos com gosto os resultados.

E só Deus sabe porque hão-de os nossos antepassados ter-se lembrado de tal invenção.

Um abraço!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Vivam os Santos Populares!

Em tempos que já lá vão era durante o dia 12 que se dava início aos preparativos para as festividades: era preciso arranjar o rosmaninho com que à noite se faria a fogueira para saltar.


Na Munha, a fogueira era no meio da rua. Sim, porque antigamente não havia lá a largueza de estrada que agora temos.

As pessoas iam-se juntando à volta da fogueira e quem quisesse aventurar-se, saltava-a. Diz quem me conta, que era mais fumo perfumado que labareda e que o salto não era assim tão difícil…

Parece que eram várias ao longo da aldeia. Pondo-me a adivinhar, haveria na Eira, no Valdamego, talvez no Barroco também. E será que se viam as fogueiras da aldeia vizinha, a Relva-da-Mó?



De qualquer forma, acredito que o cheiro a fumo destas noites sejam bem mais agradável de recordar pelo seu perfume do que o de outras noites de anos bem menos remotos…


Bons Santos!
Um abraço.