Bom, passo a explicar: para um copo cheio de água, partia-se um ovo. E, para o resultado ser credível, não bastava afogá-lo, era também preciso pô-lo fora de casa nessa noite. O coitado tinha de apanhar a orvalhada e nem podia ver o nascer do sol para ser lido e decifrado segundo a arte antiga. E o ovo revelava então se o futuro reservava riqueza, casamento, filhos ou outras previsões que tais, altamente fiáveis e completamente abençoadas pela orvalhada do Santo António.
Agora as minhas dúvidas: teria o ovo de ser sujeito ao sacrifício antes ou depois de se ir saltar a fogueira? Poderia ficar numa janela que apanhasse com o fumo perfumado do rosmaninho? Ou seria este o responsável pelos falsos vaticínios? E será que explodia se visse o sol nascer? Ou seria só o responsável pelo vermelho da vergonha nas faces coradas das raparigas? Será que deu coragem a alguém para aceitar uma carta nos dias seguintes? Ou será que, pelo contrário, fechou algumas portas ou gorou planos mais ousados?
Seria interessante fazer agora um estudo para perceber quantos ovos sofreram tal destino e, destes, quais falaram verdade. Se quiserem dizer-nos, publicaremos com gosto os resultados.
E só Deus sabe porque hão-de os nossos antepassados ter-se lembrado de tal invenção.
Um abraço!
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