quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Petiscos da minha terra

Há dias fiquei cheia de inveja de alguém que publicou no facebook "acabei de fazer broa, agora estou a comer broa quente com manteiga, alguem é servido????". Grrrrrrrrrr!

Pois que franzi os olhos à Natália Domingos (a autora da gracinha) enquanto sentia aquele cheiro meio adocicado e seco... e vi, naquele momento, a manteiga a derreter-se com o calor da broa cortada a murro à boca do forno, aquele ficar translúcida e escorregar no miolo amarelado... huuuuummmmm!, que me soube tão bem!

Os petiscos da minha terra... de cada vez que lá vou, tenho como certo que vai haver petisco. Onde, quando, com quem... isso são questões a resolver na altura. O porquê está sempre respondido: porque nos apetece, porque faz parte de ir à Roda Fundeira fazer um petisco com quem lá está e passar umas horas a partilhar risos e lembranças, sonhos ou planos e até lágrimas, dependendo para onde estão os humores virados. Mas uma coisa é certa: broa, queijinho, um chouricito ou farinheira, nos dias mais afortunados, um bolo de carne ou cebola (o meu favorito!), uma boa pinga ou aguinha da fonte... isso é que não pode faltar!

Dizem que os portugueses fazem a sua vida à volta da mesa... para mim é impossível dissociar as minhas lembranças da Roda Fundeira desta vida à volta da mesa e mesmo à volta do forno. Desde as refeições preparadas na fogueira, na panela de ferro ou nas de alumínio penduradas na trempe, do fumeiro, dos tabuleiros no forno ou das batatas e cebolar assadas no arame, das couves aferventadas com broa por baixo, da sopa de feijão... só nunca me convenci com a cabidela ou o sangue do porco ou mesmo o arroz de fissura. Que me desculpem os apreciadores, mas vejamos as coisas assim: mais fica para vocês!!! :-)

Não vivo na Roda Fundeira, mas tenho pedaços dela na minha vida diária. Tento replicar petiscos, mas resultam muito melhor lá. E às vezes também consigo fazer inveja aos meus amigos lisboetas quando lhes descrevo este ambiente e os sabores da broa acabada de fazer, molhada no azeite com alho do bacalhau no forno a lenha...Sim, Natália, eu também gosto de lhes fazer inveja, confesso! e de lhes ver no rosto aquele ar de "também quero"...


No outro dia, no entanto, foi a minha colega Cristina que me levou até à aldeia por momentos. Sendo da Portela da Cerdeira, a avó Fernanda (dela) também conhece a receita dos "farta rapazes", uns bolos simples de ovos, farinha, açucar e gordura, que nos deliciam à dejua ou à merenda. Pelo menos era o que fazia com os "bolinhos da ti Prazeres", maneira como conheço os ditos. O meu avô António levava sempre dois ou três, embrulhados no lenço engomado, dentro do bolso da samarra quando ia guardar o seu rebanho de cabras e ovelhas. E eram tão bons!!!! E ainda são, quando os faço por terras mais a sul, mas lá... lá têm outro gosto.

Um abraço.
(esta foto foi roubada, como podem ver pela fonte, porque vergonhosamente não tenho uma minha!!! Tenho de fazer uma fornada e tratar disso...)

2 comentários:

Anónimo disse...

Cristina, como me delicio ao ler os teus textos... e como me abrem o apetite!! eheh :) Eu conheço os sabores dessa região e sempre que me é possível, faço um retiro até à aldeia da minha mãe (Portela-da-Cerdeira) para poder sentir a alegria daquela gente e respirar o ar puro!!! Obrigada por referires os farta-rapazes da minha querida avó Fernanda!! Compreendo quando dizes que "lá têm outro sabor", sem dúvida!!! O sabor àquela terra de boa gente!!! Parabéns pelo blog!! Parabéns pelas tuas palavras!! Beijinhos, Cristina Nascimento

Cristina Coelho disse...

Obrigada!
As tuas palavras são muito simpáticas, mas é realmente mais fácil escrever sobre aquilo de que gostamos muito!

Beijinhos