É fácil esquecer-me como é bonito o nascer do sol, quando todos falam do seu contrário. As cores nascem no céu como se alguém as convidasse e chegassem tímidas a um local que desconhecem, mas com a confiança de quem sabe ocupar o seu lugar.
Os cheiros são diferentes pela manhã - o cheiro das flores, da relva, da água, das aves, dos peixes na ribeira. São claros como as cores que nascem devagarinho. Como se guardassem todo o cheiro que deviam cheirar durante a noite, para ser libertado com a primeira luz. Depois, durante o dia, vão sendo perdidos, como os ramos de flores em que se enterra o nariz: são muito cheirados e quase desaparecem.
O galo comparece sempre à cerimónia de abertura de um novo dia. Canta afinado, como se fosse o dia mais importante da sua vida, mesmo que seja o seu último. E até a ribeira corre mais alegre entre as pedras quando consegue ver o brilho do seu toque nas rochas.
O risquinho de lua vai desaparecendo, sumido na luz envolvente da manhã, apagado pelo sol redondo e cheio. E sorri, enquanto se anima, enquanto choros e os risos se repensam ao despertar, e a vida repõe o seu movimento.
E voltará, quando as cores quiserem ir descansar, para que fique uma luz no céu guardando o nosso sono.
Bom dia!
2 comentários:
Estavas inspiradissima! Muito bem!
Obrigada, Rafael!!!!
Ver nascer o sol é bom e é algo que não fazia há muito tempo. Possivelmente por ter de acordar antes do galo!
Beijinhos
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