sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Três gatos não pingados (ou quatro)


Na minha aldeia todos tinham gatos. Sempre. Todas as casas tinham um gato. Ou dois... a sua função era caçarem ratos e osgas, largatixas e outros bicharocos afins que não interessavam a ninguém.
Não me lembro, de entre as muitas que ouvi ao calor da fogueira, de histórias de pessoas a subirem para cadeiras ou mesas com pânico de ratos. Assim como nos filmes, quando se arrancam umas gargalhadas à plateia. Na verdade, era assim desde sempre: todas as casas tinham ratos. E, por isso, todas tinham também gatos para os caçar. 

Para além da caça, os gatos sentavam-se ao colo das velhas. Perdão, das cidadãs mais idosas. Das maiores, como agora se diz. (Sobre isso, falarei, mas não agora). Elas sentavam-se à fogueira (lareiras são modernices), quando tentavam aquecer os pés gelados duma vida a regar os campos. Nos banquinhos pequenos que hoje se vendem nas feiras "para enfeitar", como recordação do antigamente. Ou então, em tempos mais idos que já não conheci, no chão feito degrau, que todas as cozinhas tinham e que deixava a lareira num plano mais baixo da restante cozinha - o bordo da lareira. Diz-me a minha mãe que também lá se dormia, de vez em quando, os mais novos ou os mais antigos da casa, se o bordo era largo e o conforto da fogueira ganhava à vontade de um colchão de palha. 

Malhado. Pretito. Branquinho. Farrusco. Pintado. E até Tareco. Várias gerações de pedigree selvagem e batismo duvidoso passaram pela terra nas minhas férias. E, claro, Bicho, o nome mais habitual. 

Ultimamente, o Ti Salvador abrigava a Bicha Côca que namorou com o meu Chico, gato preto, lisboeta. Coisa fina!!! "Já sabia que tinham chegado, o teu Chico já lá foi à procura da minha bicha Côca! Cabrão do bicho, alembra-se bem quéla lá está!" E o meu Chico - Chico Moisés, como o meu pai gostava de lhe chamar - deixou por lá a sua semente, que ainda este ano me cruzei com um tetraneto seu, focinho e rabo igual ao do antepassado. Só menos marcado das lutas entre bichanos, disputando comer e gatas, por cima dos telhados, com unhadas fundas e uma cantoria inesquecível, própria do ataque. A concorrência será menor agora, com as casas vazias, também de ratos, pelo que as lutas também serão menos frequentes. Mas aquele olhar, aquele olhar era do Chico, do meu Chico.

Ainda me lembro do orgulho que senti quando consegui chamar os gatos lá de casa daquela maneira inconfundível: "Biiiiiiiiiicho, bsbsbsbsbssbsbsbssbsb...". Devia ter dois ou três anos. Cresci nesse dia. E quando passava por um muro destes, passei a tentar convencê-los a aproximarem-se. Que vitória!
Noutros tempos, o Bicho passava os dias enrolado no canto da cozinha, aquele que ele escolhera para seu. E aguardava pacientemente pelo mimo do colo cansado que o acolhia contente, e pela mão retorcida do frio que lhe acariciava o pelo quente do lume. E assim se passavam serões, com conversa ou sem ela, mas acompanhados nos estalidos do lume que quebrava os invernos rigorosos da aldeia.

domingo, 4 de novembro de 2012

Magusto Roda Fundeira - 2012

Aproveitando o fim de semana prolongado, proporcionado por um feriado que nos próximos anos deixará de o ser... rumámos à Roda Fundeira para repor energias!
 
E que melhor forma haverá de repor energias, do que comer uma bela feijoada misturada com umas castanhas, caldo verde e bifanas! Isto dito desta forma parece que foi tudo servido no mesmo tacho...mas nada disso!
 
Como vem sendo hábito nos últimos anos, a CMRF não deixou de acenar ao S. Martinho por estas alturas, realizando o tradicional magusto convívio. O tempo esteve farrusco mas não o suficiente para demover cerca de 100 pessoas a deslocarem-se à Eira Nova para mais um dia de convívio e confraternização que em termos gastronómicos começou com uma feijoada ao almoço e continuou pela tarde com as castanhas e jeropiga seguidas do caldo verde e bifanas, tudo esteve bom!
 
Para co-substanciar o "...tudo esteve bom!", nada melhor que olhar para as imagens abaixo!
 
Na primeira foto e apesar da bengala coletiva indiciar muito reumatismo, as travessas não chegaram atrasadas à mesa! Com o Antero e o Paulo ao leme a equipa da bengala só teve que a largar! Ao olhar para esta foto ainda me lembro do dizer "o meu pai é o Pinto da Costa e a minha mãe o Vitor Baía!".
 
Porque será?

 
Porque será?


Pelo 2º ano consecutivo um grupo de amigos das moto 4 e da Roda Fundeira aproveitaram o evento para cortar as serras desde Coimbra à procura da bendita feijoada...e da jeropiga... objetivo cumprido!


Na cozinha estava tudo a postos, as mesas estavam compostas, toca a servir...
 

 
 




 
Após o almoço o digestivo e bons momentos...
 

 

 
 
 

Chegada a hora da castanha é dado de novo o toque de reunir e a concentração volta a ser em torno da mesa...



 

Lucinda Claro com o Inspetor Rui Farlens...


A Lena a tratar bem o seu João! Assim sim... quem merece, merece!


Entretanto cá fora recebiam-se mais alguns convidados que não puderam estar presentes no almoço, mas não quiseram deixar de marcar presença no evento.


Boas notícias!!! As fotos do fotógrafo oficial das festas de verão, apareceram! Em breve trarei aqui mais imagens a cheirar a verão!
 
 
E como festa na RF não é festa sem concertina, o Cid deu o mote...
 
 
 
 
Para terminar e correndo o risco de me tornar repetitivo foi uma festa tranquila onde os objetivos foram cumpridos, em sumO tudo correu bem!

 
 
Até breve!